Pátria que me pariu
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Uma prostituta chamada Brasil
Se esqueceu de tomar a pílula e a barriga cresceu
Um bebê não estava nos planos
Dessa pobre meretriz de dezessete anos
Um aborto era uma fortuna e ela sem dinheiro
Teve de tentar fazer um aborto caseiro
Tomou remédio, tomou cachaça, tomou purgante
Mas a gravidez era cada vez mais flagrante
Aquele filho era pior que uma lumbriga
Ela pediu prum mendigo esmurrar sua barriga
Cada chute que levava o moleque revidava lá de dentro
Aprendeu a ser um feto violento
Um feto forte, escapou da morte
Não se sabe se foi muito azar ou muita sorte
Mas nove meses depois foi encontrado
Com fome e com frio, abandonado num terreno baldio
Pátria que me pariu
Quem foi a pátria que me pariu
Pátria que me pariu
Quem foi a pátria que me pariu
Pátria que me pariu
Quem foi a pátria que me pariu
Pátria que me pariu
Quem foi a pátria que me pariu
A criança é a cara dos pais mas não tem pai nem mãe
Então qual é a cara da criança?
A cara do perdão ou da vingança?
Será a cara do desespero ou da esperança?
Num futuro melhor, um emprego, um lar
Sinal vermelho, não dá tempo pra sonhar
Vendendo bala, chiclete
"Num fecha o vidro que eu num sou pivete
Eu num vou virar ladrão se você me der um leite, um pão
Um video-game e uma televisão
Uma chuteira e uma camisa do mengão
Pra eu jogar na seleção, que nem o Ronaldinho
Vou pra copa Vou pra Europa
Coitadinho, acorda, moleque, 'cê num tem futuro
Seu time não tem nada a perder e o jogo é duro
Você num tem defesa, então ataca
Pra num sair de maca
Chega de bancar o babaca
Eu num aguento mais dar murro em ponta de faca
E tudo o que eu tenho é uma faca na mão
Agora eu quero o queijo, cadê?
'To cansado de apanhar, 'tá na hora de bater
Pátria que me pariu
Quem foi a pátria que me pariu
Pátria que me pariu
Quem foi a pátria que me pariu
Pátria que me pariu
Quem foi a pátria que me pariu
Pátria que me pariu
Quem foi a pátria que me pariu
Mostra a tua cara moleque, devia 'tá na escola
Mas 'tá cheirando cola, fumando um beck, vendendo brizola e crack
Nunca joga bola mas 'tá sempre no ataque
Pistola na mão, moleque sangue-bom
É melhor correr porque lá vem o camburão
É matar ou morrer
São quatro contra um (eu me rendo)
Boi, boi, boi da cara preta
Pega essa criança com um tiro de escopeta
Calibre doze, na cara do Brasil
Idade: catorze Estado civil: morto
Demorou, mas a sua pátria mãe gentil conseguiu realizar o aborto
Pátria que me pariu
Quem foi a pátria que me pariu
Pátria que me pariu
Quem foi a pátria que me pariu
Pátria que me pariu
Quem foi a pátria que me pariu
Pátria que me pariu
Quem foi a pátria que me pariu
Pátria que me pariu
Quem foi a pátria que me pariu
Pátria que me pariu
Quem foi a pátria que me pariu
Pátria que me pariu
Quem foi a pátria que me pariu
Pátria que me pariu
Quem foi a pátria que me pariu
Pátria que me pariu
Quem foi a pátria que me pariu
Pátria que me pariu
Quem foi a pátria que me pariu
Pátria que me pariu
Quem foi a pátria que me pariu
Pátria que me pariu
Quem foi a pátria que me pariu
Pátria que me pariu
Quem foi a pátria que me pariu
Pátria que me pariu
Writer(s): Andre Gomes, Gabriel Contino
Copyright(s): Lyrics © Sony/ATV Music Publishing LLC
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